sexta-feira, 1 de março de 2013

O mistério das inscrições…

Quando entrámos, pela primeira vez, na nova escola, todos nós, mesmo os que habitualmente andam na lua, reparámos que o chão dos diferentes pisos, na parte que poderemos considerar pública - corredores, átrios e polivalente – se tinha transformado em papel onde brocas sagazes inscreveram citações. Muitas delas revelam o seu autor, outras não! Nenhuma, a obra de onde fora retirada. Daqui decorrem, pelo menos, duas questões e um problema. A primeira diz respeito à obra ou obras de onde foram extraídas. Como poderemos saber? Qual o meio mais expedito? Perguntar a peritos? Ler as obras todas? Perguntar ao Google? A segunda relaciona-se com a autoria das frases não referenciadas. As hipóteses de resposta podem ser: um autor ou vários? Se um só, quem? Almeida Garrett? E ainda, em qualquer caso, resta a questão: a que obras pertencem? O certo é que o autor da obra arquitetónica, presumo, resolveu, usando palavras alheias, fazer do piso público um meio de divulgação… e aqui começa o problema! Porquê? Com que fim? Será possível resolvê-lo? Tem solução única, múltipla ou é um dos que pertencem à classe da “quadratura do círculo”?

Ora, como todos nós sabemos, uma investigação que se preze começa sempre com uma grande questão, do mesmo modo, uma caminhada começa sempre com um primeiro passo. Desconfiávamos também que só respondendo às questões acima colocadas poderíamos ter alguma esperança de solucionar o problema assinalado. Decidimos, por isso, deitar mãos à obra ou, com também se diz, pôr os pés ao caminho. 

Calcorreámos todos os corredores, átrios e demais espaços onde pudessem ter sido gravadas as fugitivas. Estavam, agora, presas, para sempre, no piso duro e frio; calcadas por todos; lidas, por vezes, por olhos mais curiosos; rebaixadas, enfim, ao nível dos pés e do pó.

Fizemos, decididamente, a recolha fotográfica de todos esses vestígios/citações espalhados pelo piso/papel da nossa escola. Desse modo, poderiam aspirar a uma outra posição. Já não a horizontal, jacente e poeirenta. Longe dos olhos e perto dos pés, mas àquela outra, vertical e proeminente, próxima dos olhos, da cabeça, acima do coração.

Desse trabalho exaustivo resultou aquilo que vos é dado ver nesta exposição que é mais uma im (posição) derivada de uma ex (posição). Vede-as, pois! Com os olhos, coração e cabeça, erguidas perante vós como flores, frutos, desafios, desejos, preces, ou o que quer que seja!

Vede, que o vosso ver tem graça!

Biblioteca da ESAG, 4 de fevereiro de 2013

Sem comentários: